Escolha seu idioma EoF

Evangelho do domingo, 5 de março: Mateus 17, 1-13

Evangelho do Domingo, II Domingo da Quaresma: Mateus 17, 1-13, A Transfiguração de Jesus

17 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago, e os conduziu sozinhos a um alto monte. 

2 Ali ele foi transfigurado diante deles. Seu rosto brilhou como o sol e suas roupas ficaram brancas como a luz. 

3 Nesse momento apareceram diante deles Moisés e Elias, conversando com Jesus.

4 Pedro disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se você quiser, vou construir três abrigos: um para você, um para Moisés e outro para Elias”.

5 Enquanto ele ainda falava, uma nuvem brilhante os cobriu, e uma voz da nuvem disse: “Este é meu Filho, a quem amo; com ele estou bem satisfeito. Ouça-o!

6 Quando os discípulos ouviram isso, caíram com o rosto no chão, apavorados. 

7 Mas Jesus aproximou-se e tocou neles. "Levante-se", disse ele. “Não tenha medo.” 

8 Quando levantaram os olhos, não viram ninguém senão Jesus.

9 Enquanto desciam do monte, Jesus os instruiu: “Não contem a ninguém o que vocês viram, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos”.

10 Os discípulos lhe perguntaram: “Por que, então, os mestres da lei dizem que Elias deve vir primeiro?”

11 Jesus respondeu: “Certamente Elias vem e restaurará todas as coisas. 

12 Eu, porém, vos digo que Elias já veio, e não o reconheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Da mesma forma, o Filho do Homem vai sofrer nas mãos deles”. 

13 Então os discípulos entenderam que ele lhes falava de João Batista.

Queridas Irmãs e Irmãos da Misericórdia, sou Carlo Miglietta, médico, estudioso da Bíblia, leigo, esposo, pai e avô (www.buonabibbiaatutti.it).

Hoje partilho convosco uma breve meditação sobre o Evangelho, com particular referência ao tema da misericórdia.

Este episódio da vida de Jesus também deve ser analisado à luz das passagens paralelas dos outros Evangelhos (Mc 9-2; Lc 10-9).

MATEUS 17, 1-13: UMA EXPERIÊNCIA PÓS-PÁSCOA?

“Foi somente à luz da ressurreição que os discípulos compreenderam plenamente, pela primeira vez, quem era Jesus e o significado de sua trágica morte… enredo o significado do evento pascal (2 Pe 1-16; Jo 18-12)” (G. Barbaglio).

CONTEXTO

Em meio aos conflitos com fariseus e herodianos (Mc 8-11), Jesus deixa a Galiléia e vai para a região de Cesaréia de Filipe (Mc 21), onde começa a preparar os discípulos para sua paixão e morte (Mc 8:27). O acontecimento da transfiguração é um acontecimento profetizado por Jesus (Mt 8).

ANTECEDENTES JUDAICOS

O relato da Transfiguração é histórico, mas contado como um midrash, uma reflexão sapiencial. Existem três origens culturais para isso:

  1. A teofania sinaítica (Êx 24:15-17; 34:29-35).
  2. A visão apocalíptica de Daniel (Dn 10:4-21).
  3. A Festa das Tendas: Era a festa de Sucot, quando os judeus ainda são convidados por uma semana a morar em tendas, em cabanas, para relembrar o momento maravilhoso do noivado de Deus com Israel, época do Êxodo, quando o povo era nômade do deserto. Durante os primeiros seis dias do festival, o Qohelet, o livro que diz: “Tudo é vaidade!” está lido. (Qo 1:2): Jesus nos versículos anteriores (Mt 16:24-28) nos convidou a negar a nós mesmos. Na liturgia lemos Dt 33 e 34: “Em Israel não havia mais profeta como Moisés: o Senhor se manifestara a ele face a face” (Dt 34). Durante a Festa dos Tabernáculos, o chatan Torá, “o noivo da Torá”, o prior da festa, é nomeado. Jesus diria muitas vezes de si mesmo que ele era o esperado noivo messiânico (Mt 10:9; 15:25-1; Jo 13:3; 29 Cor 2:11; Ap 2:19-7; 8:21). A festa terminou na sinagoga com uma oração pela vinda do Messias.

TEXTO

v. 1: – Os “seis dias”: a) evocam a teofania sinaítica (Ex 24); b) a Festa dos Tabernáculos começou seis dias depois de Kippur.

– Jesus leva consigo apenas três discípulos: Moisés também sobe a montanha levando consigo Arão e seus dois filhos, Nadabe e Abiú (Ex 24).

– Uma alta montanha: há um eco de todas as histórias da teofania, da revelação de Deus no Antigo Testamento: a montanha do Sinai (ou Horebe: Ex 3:1), ascendida e descida por Moisés (Ex 19-34) e Elias (1 Reis 19:1-18).

v. 2: Jesus “foi transformado” (metemorfota), sofreu uma metamorfose, ou melhor, “foi transformado” por Deus (passivo divino). A luz é o manto com o qual Deus está vestido (Sl 104:2); a fonte desta luz é o próprio Jesus (Mc e Mt), o seu rosto brilhou como o sol (Mt) e a aparência do seu rosto tornou-se outra (Lc) (cf. Ex 34-29; 35 Cor 2) .

v. 3: – E eis (hebraico: we-hinné): expressão típica da narrativa bíblica para indicar uma mudança repentina.

– Ao lado de Jesus vemos outras duas figuras: Mateus estabelece uma prioridade de Moisés sobre Elias, representando respectivamente a Lei e os Profetas, ou seja, todo o Antigo Testamento. Moisés queria ver a glória de Deus (Ex 33), e agora finalmente a contempla em Jesus (Hb 18; 1 Cor 3; 1 Cor 2). Elias também havia subido ao monte de Deus para uma revelação na “voz de um silêncio sutil” (8 Reis 2:4), e era esperado no fim dos tempos (Ml 6:1).

v. 5: – Na Bíblia, fala-se frequentemente do mistério da “nuvem”, para indicar a Presença de Deus, que, no entanto, se manifesta de forma velada (Ex 20:18; Ex 13:21-22 ; 14:19.24; 19:16; 24:15-18; Ex 33:9-10; Ez 10:3-22; Lc 1:35; Mt 17:1-8; 2 Pe 1:16-19…) .

– Concentração de reflexão messiânica: “Este é o meu Filho”: o Messias (Sl 2), “o amado (agapetòs)”, o novo Isaque (Gn 7), “em quem me comprazo” o Servo do Senhor (Is 22), «Escutai-o», o profeta, o novo Moisés (Dt 2).

v. 7: Padrão de revelação: aparição, medo, “Não temas!”, ordem para manter o segredo.

v. 8: – Jesus é novamente contemplado “só” na humilde cotidianidade da natureza humana.

– “Agora só Jesus é o legislador e profeta querido pelo Pai” (O. Da Spinetoli).

– “Os discípulos depois da revelação só viram Jesus, viram um homem” (E. Bianchi).

v. 10-13: Elias deve vir “primeiro” (Ml 3-23): mas antes de quem, ou antes de quê? Mateus identifica expressamente Elias com o Batista (Mt 24:11).

Mateus 17, 1-13, EXEGESE

1 A meditação nas Escrituras nos revela Cristo

O que provavelmente aconteceu? Que Jesus tirou um dia de retiro com os seus amigos mais próximos, subiu ao monte e começou a ler a Bíblia, nomeadamente Moisés e Elias.

Não queremos negar a Deus a possibilidade da transfiguração, mas está muito mais perto de nós pensar que quando conseguimos encontrar meio dia para nos retirarmos a uma montanha para ler a Escritura, nesses momentos também nós conversamos com Moisés e Elias, nesses momentos Deus nos fala e nos transfigura.

“Trata-se de nos dispormos a escutar com atenção e oração a Cristo, o Filho amado do Pai, buscando momentos de oração que permitam o acolhimento dócil e alegre da Palavra de Deus... E quando nos colocamos assim, com a Com a Bíblia nas mãos, em silêncio, começamos a sentir esta beleza interior, esta alegria que gera em nós a Palavra de Deus” (Papa Francisco).

2 A Cristofania

Na Transfiguração temos uma verdadeira cristofania, ou melhor, uma teofania como as narradas no Antigo Testamento, das quais Moisés (cf. Ex 3-1; 15-34), Elias (cf. 5 Reis 28 -1) e os outros profetas (Is 19; Ez 1) se beneficiaram.

“A comunidade cristã tem as maiores garantias de sua pregação: a lei, os profetas e o próprio Pai” (O. Da Spinetoli).

3 A beleza de Deus

No contexto litúrgico, celebrando a Festa dos Tabernáculos, os discípulos entendem que Jesus é o Messias anunciado por toda a Escritura, que Jesus é o chatan Torá, o esposo, o hermenêutico, aquele que explica toda a Torá.

Os últimos tempos chegaram, a oração pelo Messias foi cumprida, o Messias está aqui entre eles e estabelecerá o Reino.

Os Padres dirão: 'Deus colocou Adão no paraíso, isto é, em Cristo'. O paraíso é Cristo, Jesus é o nosso paraíso.

Aquilo que era a pedra angular da fé judaica, o “Shemà, Israel”, o “Ouve, Israel” (Dt 6-3; 4; 9; 1) torna-se obediência à Palavra de Jesus: o Pai diz: “Este é o meu filho amado: ouçam-no!” (Mt 20:3).

4 A tentação de rejeitar a cruz

“A ressurreição é a mensagem fundamental do Evangelho, mas não pode ser separada da paixão... As três cortinas revelam o sentido que Pedro deu à cena ao se acomodar imediatamente sobre os louros de uma vitória imerecida.

Também neste caso Pedro representa a voz da carne e do sangue (Mt 16), aquele que não pensa segundo Deus, mas segundo os homens (Mt 17)... É a tentativa de acomodar o desígnio de Deus ao gosto e 'sabedoria' do homem” (O. Da Spinetoli).

5 Vendo Deus no rosto dos irmãos

Depois da Transfiguração, os discípulos veem “somente Jesus”.

Eles apenas contemplam sua humanidade, sua presença entre os homens, sua Encarnação.

“Os discípulos são assim convidados a um caminho que se resume bem numa frase de Jesus relatada por Clemente de Alexandria: “Viste o teu irmão, um homem? Você viu Deus'. Este é o mistério da transfiguração” (E. Bianchi).

6 Transfigura-nos e transfigura o mundo

A transfiguração é um mistério de transformação: nosso corpo e esta criação são chamados à transfiguração, a tornar-se “outro” (Fl 3; Rm 21; Ap 8).

“Celebrar a Eucaristia é viver em antecipação a transfiguração em comunhão com o Senhor e com os irmãos... Assim a Eucaristia se torna um projeto de transformação que deve nos envolver em nossa história...: temos a tarefa de transfigurar o que nós vivemos e fazemos” (Pe. Farinella).

Boa Misericórdia a todos!

Aqueles que gostariam de ler uma exegese mais completa do texto, ou alguns insights, por favor, perguntem-me em migliettacarlo@gmail.com.

Leia também

Santo do dia 5 de março: São João José da Cruz

Evangelho de domingo, 26 de fevereiro: Mateus 4:1-11

Evangelho do domingo, 19 de fevereiro: Mateus 5, 38-48

Evangelho do domingo, 12 de fevereiro: Mateus 5, 17-37

As 10 sugestões do Papa Francisco para a Quaresma

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2023

Naufrágio em Cutro (Crotone), Massacre de Migrantes: Nota do Presidente da CEI Card. Matteo Zuppi

Testemunho de missão: história do padre Omar Sotelo Aguilar, padre e jornalista de denúncia no México

Estados Unidos, bispo auxiliar de Los Angeles David O'Connell morto

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2023

Papa Francisco na África, missa no Congo e proposta dos cristãos: “Boboto”, paz

fonte

Spazio Spadoni

você pode gostar também