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Evangelho de domingo, 26 de fevereiro: Mateus 4:1-11

Primeiro Domingo da Quaresma A: Evangelho de Mateus 4-1

Mateus 4:1-11 – Jesus é testado no deserto

4 Então Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado.a] pelo diabo. 2 Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, ele teve fome. 3 O tentador aproximou-se dele e disse: “Se você é o Filho de Deus, diga a estas pedras que se transformem em pães”.

4Jesus respondeu: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”.

5 Então o diabo o levou à cidade santa e o colocou no ponto mais alto do templo. 6 “Se você é o Filho de Deus”, disse ele, “jogue-se para baixo. Pois está escrito:

“‘Ele dará ordens aos seus anjos a seu respeito,
    e eles te levantarão em suas mãos,
    para que você não tropece em alguma pedra.'”

7 Jesus respondeu-lhe: “Também está escrito: 'Não ponhas à prova o Senhor teu Deus'”.

8 Novamente, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e seu esplendor. 9 “Tudo isso eu te darei”, disse ele, “se você se curvar e me adorar”.

10 Jesus lhe disse: “Afaste-se de mim, Satanás! Pois está escrito: 'Adore o Senhor, seu Deus, e sirva somente a ele'”.

11 Então o diabo o deixou, e os anjos vieram e o assistiram.

Queridas irmãs e confrades da Misericórdia, sou Carlo Miglietta, médico, biblista, leigo, esposo, pai e avô (www.buonabibbiaatutti.it).

Também hoje partilho convosco uma breve meditação sobre o Evangelho, com especial referência ao tema da misericórdia.

Também Jesus, diz-nos o Evangelho (Mateus 4-1), foi submetido como nós a tentações

“Foi conduzido pelo Espírito ao deserto” (Mt 4): lindo este versículo.

É o Espírito de Deus que o conduziu ao deserto para ser tentado: foi Deus que nos limitou, que nos fez criaturas, para ter um companheiro de amor que não fosse ele mesmo, aquele que é o infinito, o ilimitado, o eterno; fez o homem com um limite de criatura, para que fosse diferente dele, para dialogar com ele no amor, para que o homem seja limitado, submetido à prova, submetido à tentação.

Portanto, é o Espírito quem permite a prova, para nos permitir responder com amor ao amor de Deus.

Deus não nos pega pelo pescoço, Deus não nos estupra.

Deus oferece-nos o seu Amor e tornou-nos capazes de aderir ao seu amor ou mesmo rejeitá-lo.

No exercício positivo da liberdade, podemos provar que somos fiéis a ele.

O deserto é o lugar da provação, da luta contra os maus espíritos; é o lugar onde estamos longe das riquezas deste mundo, estamos longe de tudo, da vida cotidiana.

É também o lugar do encontro com Deus, o lugar onde podemos ouvir a sua voz, dialogar com Ele, relacionar-nos com Ele; é o lugar onde podemos “fazer amor” com Deus.

Mas é também o lugar da provação, o lugar onde podemos lamentar as cebolas do Egito, lamentar a carne do faraó, onde amaldiçoamos ter saído da terra da escravidão do Egito, onde não acreditamos que chegaremos para a Terra Prometida, o lugar onde podemos fazer o ídolo do bezerro de ouro, e também o lugar onde enfrentamos a luta contra os inimigos.

Jesus é levado para lá “por quarenta dias” (Mt. 1:2).

Quarenta é um número simbólico pelo qual se entende o tempo determinado por Deus: não apenas nos escritos bíblicos, mas também em outros escritos hebraicos, o número quarenta frequentemente ocorre como um símbolo para definir um tempo desejado por Deus: Israel está no deserto há quarenta anos; Jesus, dizem-nos os Atos dos Apóstolos, sobe ao céu depois de quarenta dias.

Este é o tempo clássico de jejum: em grande parte das Escrituras, quarenta dias de jejum são sempre mencionados.

“O tentador aproximou-se dele” (Mt 4): Peirázôn é aquele que conduz à tentação, ao murmúrio rebelde do deserto do Êxodo.

Satanás (que significa: “Acusador”) nos primeiros livros do Primeiro Testamento é o promotor no julgamento que Deus pretende para os homens e as nações: ele não é um vilão, mas é o anjo é tão fiel à Lei, no amor com a Lei, que ele continuamente, diante de Deus, acusa os homens pecadores.

Israel encontra Satanás continuamente acusando-o por seus pecados, por lealdade à Lei.

De fato, existe o gênero literário do “Julgamento de IHWH”; IHWH chama as nações, uma a uma: em tal julgamento, o acusador é Satanás, aquele que diz: “IHWH, castigue Israel porque ela pecou”, assim o Ministério Público.

Este último é logo ouvido como o adversário.

Na época de Jesus, especialmente por parte de uma certa teologia rabínica, também devido a influências persas particulares, os demônios são descritos como anjos caídos: mas a história dos anjos caídos não está explicitamente na Bíblia, exceto talvez uma menção fugaz em JD 6.

Alguns afirmam que esses demônios seriam os filhos de Deus que se casaram com as filhas dos homens (Gn 6)

No entanto, na época de Jesus, acredita-se que existam essas criaturas, que primeiro acusaram Israel porque eram apaixonados pela Lei, depois em algum momento começaram a ser adversários.

Aqui no AT de acusador ele se torna um adversário, ele se torna o inimigo do homem, não só aquele que acusa Israel diante de Deus, mas aquele que tenta Israel, que gosta de ver Israel em apuros.

Os rabinos, retomando a ideia da origem persa, pensam nesses demônios como figuras negativas, que fomentam o mal entre os homens e se tornam até certo ponto 1 adversários de Deus.

O nome “diabo” é derivado da palavra grega “diaballo”, que significa “eu divido”: os demônios são os divisores, porque são eles que separam o homem de Deus, dividem os homens atrás deles e dividem o homem dentro de si.

Ou seja, são a causa de nossas esquizofrenias, de nossas divisões internas, de nossas angústias, de nossas angústias.

Se notarmos, muitas vezes no Novo Testamento os demônios são descritos em termos coletivos: “Sete demônios saíram dela” (Mc 16:9); “Qual é o teu nome?”, pergunta Jesus a um demónio; e ele recebe como resposta o nome de “Legião, porque somos muitos”: Legião de fato significa “grupo” (Mc 5:9). As forças do mal em nós causam fraturas internas, ansiedade, esquizofrenia.

As letras hebraicas têm um valor numérico, como os numerais romanos (L vale cinquenta, X vale 10, etc.).

O nome “Satanás”, escrito em hebraico, equivale ao número 364, que são os dias do ano menos um, o dia de Kippur ou a Festa da Expiação, para significar que toda a nossa vida, toda a nossa realidade, está sob este sinal do mal.

Satanás, porém, não é a origem do mal, não é um anti-Deus, muito menos um deus mau que se opõe a um Deus bom. Gênesis nos diz claramente que Satanás é uma besta, uma das bestas da terra, a serpente que rasteja, portanto, uma criatura (Gn 3:1).

Ele não é um poder do mal: é uma criatura livre que vota contra, que não puxa para o lado de Deus, mas não é a origem e a fonte do mal.

Jesus, tomando a cultura de seu tempo, vê como presa dessas forças do mal, simbolizadas pelas figuras dos demônios, os enfermos, que muitas vezes serão chamados de endemoninhados: ou seja, são pessoas que estão sob essa influência das forças do mal.

Eles são chamados de espíritos impuros porque são contrários a Deus: Deus é santo, Deus é o Santo, e o que não é Santo não é puro e, portanto, está longe de Deus.

As Igrejas Reformadas sempre interpretaram os demônios apenas em um sentido simbólico.

A Igreja Católica, baseada em textos bíblicos, sempre propôs a existência desses demônios como pessoas reais.

Mas, lembremo-nos bem, são realidades subordinadas.

Não lhes demos muito espaço! Nós também somos Satanás: quando estamos contra Deus, quando pecamos, quando, em vez de dar um bom exemplo, damos um mau exemplo, fazemos a mesma coisa que o diabo faz.

O diabo não é um poder oculto com sabe-se lá que força tremenda: é uma besta, como diz o Gênesis, uma “das bestas do deserto”, e foi absolutamente vencido pela Ressurreição do Senhor.

Jesus dirá isso em tantas passagens em que fala de demônios: dirá que é o mais forte, e que vencerá definitivamente os demônios, e os demônios foram definitivamente derrotados na paixão, morte e ressurreição de Jesus (Lucas 11:14 -21).

Então, em uma civilização como a atual, onde as pessoas acreditam em feiticeiras, mágicos, “missas negras” e histórias desse tipo, precisamos reafirmar veementemente que a religião cristã não é a religião do diabo. que é apenas uma besta, mas que é a religião de Jesus Cristo, Filho de Deus que, ao morrer na Cruz e ressuscitar, vence definitivamente o mal, a doença, o pecado e a morte.

Jesus experimenta verdadeiramente as dificuldades dos homens.

Jesus é tentado, e durante toda a sua vida ele será continuamente tentado, mas ao vencer a tentação ele é o novo Adão, o homem perfeito.

Tinha diante de si a tentação do milagroso: “Se és o Filho de Deus, dize que estas pedras se transformem em pães!”; teve a tentação dos “efeitos especiais”: “Se és o Filho de Deus, lança-te abaixo, porque está escrito: 'A seus anjos dará ordens a teu respeito, e eles te susterão'”; ele teve a tentação do poder: “Todas essas coisas eu te darei se você se prostrar para me adorar”.

Ao contrário, diante de Jesus estava a proposição de Deus já expressa em Deuteronômio: “Nem só de pão viverá o homem” (Dt 8:3); “Não tentes o Senhor teu Deus” (Deuteronômio 6:16); “Adore o Senhor, seu Deus, e adore somente a ele” (Deuteronômio 6:13). É pelo poder da Palavra de Deus, pelo poder das Escrituras, que a tentação é vencida.

Boa Misericórdia a todos!

Quem quiser ler uma exegese mais completa do texto, ou alguns insights, por favor me pergunte em migliettacarlo@gmail.com

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