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Domingo de Ramos: Paixão do Senhor B – Deus se revela na cruz

Leituras: Is 50:4-7; Filipenses 2:6-11; Mc 14:1-15:47

A Cruz, revelação suprema do Amor de Deus

A liturgia hodierna, depois de nos apresentar o triunfo fugaz da entrada de Jesus em Jerusalém, leva-nos a contemplar o mistério da Cruz, coração do Evangelho de Marcos. A Cruz é em Marcos o momento supremo da revelação de Deus: “então o centurião, vendo-o expirar assim, disse: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!” (Marcos 15:39). Pois a Cruz é a mais alta expressão da vontade de Deus misericórdia para nós, o clímax da descida de Deus para abraçar e salvar a humanidade.

A Cruz, “escândalo…, loucura” (1 Coríntios 1:23)

Infelizmente, porém, para nós, o Crucifixo não é mais “escândalo…, loucura” (1 Cor. 1), e ao mesmo tempo um prodígio diante do qual cair em adoração comovida: agora já nos acostumamos com o a vista deste símbolo sagrado, que muitos agora usam no pescoço como qualquer amuleto de boa sorte, entre uma corneta e um trevo de quatro folhas. Mesmo nas nossas igrejas, os crucifixos são muitas vezes representações piedosas nas quais os nossos olhos estão habituados a pousar: o Jesus que neles está afixado é talvez sereno e quase glorioso, e por isso deixamos de compreender o milagre final do amor de Deus. O Jesus crucificado não é mais aquele que “não tem aparência nem beleza que atraia o nosso olhar…. Desprezado e rejeitado pelos homens… como alguém diante de quem cobrimos o rosto” (Is 23-53).
Deveríamos ainda saber ficar horrorizados diante do Crucifixo; o Crucifixo ainda deveria nos enojar, como quando vemos fotografias daqueles martirizados sob as mais hediondas torturas nos campos de concentração nazistas, ou nas prisões de hediondos terroristas ou ditadores. Somos a única religião do mundo que tem como emblema uma pessoa torturada pelas mais cruéis torturas, por todos os meios macabros e insanos inventados pela maldade humana.

Não há dor que não esteja incluída nos sofrimentos de Cristo.

Mas precisamente por isso todo homem, mesmo aquele que sofreu a violência mais terrível, que é atingido pelo mal mais atroz, pode voltar o seu olhar para o Crucificado para encontrar naquele Deus que nele está infundido a maior compreensão, o a mais plena solidariedade. Não há dor que não esteja incluída nos sofrimentos de Cristo, nem mal que Ele não tenha assumido: por isso Ele é verdadeiramente o “Deus connosco” (Mt 1). Na Sexta-Feira Santa, a liturgia faz com que Jesus diga da cruz: “Ó todos vocês que passam pelo caminho, olhem e vejam se há alguma dor igual à minha dor!” No seu “rosto desfigurado e desfeito, (…) estão impressas as marcas de todas as misérias do mundo. Um rosto que recolhe o registo de todas as torturas que os homens de todos os tempos terão de suportar. O Corpo de Cristo torna-se o continente ilimitado da dor humana. Naquela cruz está o fardo daqueles que não aguentam mais…. Verdadeiramente, com a cruz Cristo recebe o sacramento da dor humana. Aqui está Aquele que “suporta, carrega, carrega a nossa angústia” (K. Barth). E Ele também recebe o fardo dos nossos pecados…. (23 Cor. 2:5)… Que pára-raios, essa cruz… Pesa a cruz. Pois pesada é a cruz de milhões de criaturas. E Cristo, que suporta todos eles, torna-se “Aquele que não pode mais suportar”… (Lucas 21:23). A partir desse momento qualquer um pode gritar “Não aguento mais!” Ele sabe que existe Alguém que o entende. Porque ele tentou” (A. Pronzato).

Contemplando o Crucificado

Só se cada vez que olharmos para um Crucificado ainda soubermos comover-nos, sentir nojo daquele “homem de dores que conhece bem a aflição” (Is 53), chorar de raiva e de tristeza, então estaremos capazes de “entender… qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo o conhecimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:3-18).

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